Doses maiores

27 de julho de 2023

Oppenheimer e a bomba mais eficiente

Chegou aos cinemas o filme sobre o grande responsável pela criação da bomba atômica. No grandioso “Oppenheimer”, Christopher Nolan coloca o público em contato com os principais personagens, impasses e polêmicas envolvendo a mais terrível arma já inventada.

Mas o poder das bombas que destruíram Hiroshima e Nagasaki não está no número de vítimas que fizeram em agosto de 1945. As mortes diretas causadas por elas foram cerca de 110 mil. Já o bombardeio de Tóquio, ocorrido no ano anterior, tirou a vida de pouco mais de 100 mil pessoas.

Portanto, a grande diferença entre elas é outra. O bombardeio de Tóquio levou meses, fazendo uso de milhares de bombas e dezenas de aviões. Hiroshima e Nagasaki exigiram apenas dois artefatos, duas aeronaves e alguns minutos. Um enorme ganho de eficiência, segundo critérios de racionalidade que fariam inveja aos nazistas.

Mas a comparação também mostra que a lógica da guerra nuclear já estava presente antes da invenção de seus armamentos. Trata-se da indiferenciação entre alvos militares e civis.

Na Segunda Guerra ficou mais claro do que nunca. Para derrotar o inimigo é preciso minar todos os seus recursos. E entre os mais estratégicos destes, estava a força de trabalho. Necessária não apenas na indústria bélica, mas em todo o esforço exigido por uma economia voltada para a guerra.

Derrotar o fascismo era fundamental, sem dúvida. Mas para o imperialismo estadunidense foi mais importante deixar uma advertência para os soviéticos e as heroicas forças populares da resistência comunista. A vitória dos Aliados não foi a da democracia e da liberdade. Foi da máquina de morte mais eficiente.

Leia também: Nas origens da Inteligência Artificial, uma bomba de hidrogênio

5 comentários:

  1. Creio que voce alimenta sua potência, acertadamente, através do auto reforço, sem precisar de elogios e medalhas. Mas é sempre bom saber que esse auto reforço é referenciado externamente. Parabéns pelos textos. Att. Jorge

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  2. A guerra sempre se depara com as "sutilezas" sobre quem vai matar. Quando envolvem civis é sempre mais recriminada, mas basta uma guerra ser entre países - o que imagino sempre será, não consigo entender uma guerra que ocorra fora de algum país - para estar destruindo civis, militares, residências, edifícios públicos e militares. A eficiência de uma bomba ou mil bombas em relação às mortes, parece ser só mesmo uma questão de custo, que aí também já nem sei o que custou para se desenvolver uma bomba nuclear em comparação com as demais.

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    1. Foram dois bilhões de dólares e quatro anos de pesquisas, se não me engano. E ninguém tinha segurança que daria certo. Mas ainda assim, o "custo-benefício" tem que incluir um monte de coisas mais, principalmente a dominação do mundo. Algo que vale infinitamente mais que dois bilhões de dólares.

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