Em seu livro “Breaking Things at Work”, Gavin Mueller afirma que o próprio Marx chegou a ressaltar a hostilidade dos trabalhadores em relação aos moinhos de água e de vento, desde pelo menos a década de 1630.
Mas Mueller diz que foi o historiador marxista Edward Thompson que melhor abordou as ações de destruição de máquinas promovidas pelos trabalhadores na Inglaterra do século 19. Ele soube compreender aquele que ficou conhecido como movimento ludita a partir de sua situação específica, e não como um mero obstáculo no caminho do progresso.
Quebrar máquinas foi apenas uma das táticas que os luditas utilizaram na estratégia mais ampla que buscava aumentar o poder dos trabalhadores e forjar uma luta comunitária e compartilhada.
A revolta dos luditas não era contra as máquinas em si, mas contra a sociedade industrial que fez da tecnologia uma arma para destruir os tradicionais modos de vida e a resistência dos trabalhadores.
“Dizer que eles se equivocavam ao lutar contra as máquinas é como dizer que um boxeador pode enfrentar seu adversário sem levar em conta seus punhos”, diz o autor.
Os luditas souberam ver que a toda tecnologia é política devendo, em muitos casos, ser combatida. Uma percepção que permeou todos os tipos de movimentos militantes, inclusive, os fora da Europa.
Afinal, nas rebeliões de povos indígenas e escravizados do Novo Mundo os ataques à tecnologia produtiva também podem ser entendidos como parte da história do ludismo, porque o ludismo é essencialmente anticapitalista.
Condenar ou desprezar esse tipo de resistência é como querer se defender de tiros, ignorando as armas que os disparam.
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