Em um discurso feito em 1961 à maior central sindical estadunidense, Martin Luther King declarou: “O trabalho enfrenta hoje uma grave crise. Nos próximos dez a vinte anos, a automação transformará empregos em pó, à medida que reduz volumes inacreditáveis de produção”. King considerava que a automação era uma arma a ser usada contra o trabalho organizado: Inovações feitas “sob encomenda para aqueles que procuram levar o trabalho à impotência, atacando-o violentamente todos os seus pontos frágeis”.
Malcolm X, pelo contrário, argumentava que a ameaça da automatação justificava uma estratégia separatista. “Na melhor das hipóteses, os negros podem esperar das propostas de integração um ingresso nos níveis mais baixos de uma classe trabalhadora já privada de seus direitos pela automação”.
Enquanto isso, no Partido dos Panteras Negras, Eldridge Cleaver considerava que grande parte dos trabalhadores negros havia sido empurrada para a condição de lumpemproletariado “pelas máquinas, pela automação e pela cibernética”, representando “uma verdadeira contradição no interior do proletariado”.
Em 1972, os Panteras Negras atualizaram o último ponto de seu Programa de Dez Pontos, acrescentando o “controle comunitário das modernas tecnologias” às exigências de “terra, pão, habitação, educação, vestuário, justiça e paz”.
As informações acima estão no livro “Breaking Things at Work: The Luddites Are Right About: Why You Hate Your Job”, de Gavin Mueller. Em português, o título seria “Quebrando as coisas no trabalho: os luditas estão certos sobre por que você odeia seu trabalho”. Trata-se de um exaustivo estudo sobre a resistência dos trabalhadores às inovações tecnológicas que lhes são prejudiciais, incluindo sabotagem e destruição de maquinários.
Voltaremos a ele, em breve.
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