O jogo de hoje mostra a persistência da divisão racial e social na África do Sul. Os mais ricos tendem a torcer pela seleção holandesa. A maioria deles é branca. Os mais pobres são quase todos negros. Quase todos devem torcer pelo Brasil.
A África do Sul foi colônia da Holanda. A língua mais falada no país é o africâner, que tem forte influência do idioma holandês. Apartheid significa separação em africâner. Era o nome da lei que justificava a dominação da minoria branca sobre a maioria negra.
Felizmente, o apartheid legal acabou em 1994. Graças às lutas do povo negro simbolizada por Nelson Mandela. No entanto, a separação real continua firme e forte.
Hoje, a África do Sul está entre os dez países com pior distribuição de renda no mundo, fazendo companhia ao Brasil. Em 1990, 38% da riqueza produzida ficavam com os empresários. Em 2005, essa proporção cresceu para 42%.
O número de pessoas vivendo em favelas cresceu 26% entre 1999 e 2001. Em 2005, quase 5% da população viviam nesse tipo de habitação. Uma em cada três pessoas em idade de trabalhar está desempregada. Surgiu uma pequena classe média negra. Mas 95% dos pobres continuam sendo negros.
O problema é que Mandela e seus aliados acabaram com o apartheid, mas não com o capitalismo. E este garante a continuação e o aprofundamento da injustiça social. Na África do Sul, o racismo continua forte e vence pela livre concorrência.
É pena. De qualquer jeito, vale a torcida contra a Holanda.
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