Saiu na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, em 16/05/2011. A CNBB e o Exército estariam se mobilizando para barrar o projeto que torna crime a homofobia.
Cardeais teriam telefonado para o presidente do Senado, José Sarney, manifestando essa preocupação. Já o senador Marcelo Crivella, evangélico, teria recebido ligação do comando do Exército.
É triste ver a CNBB fazer coro com as Forças Armadas. Afinal, a entidade católica se manifestou, por exemplo, pela abertura dos arquivos da ditadura militar. Ou pela realização de uma reforma agrária de verdade.
Mas, estas posições contraditórias da CNBB mostram como a instituição é passível de ser pressionada. Não é o caso das Forças Armadas. Estas fazem parte do núcleo do Estado. Estão totalmente comprometidas com a ordem autoritária. Quando silenciam, esperam apenas o melhor momento para dar o bote.
Nessa situação, ajuda pouco recente anúncio de Sérgio Cabral. Segundo o governador fluminense, policiais homossexuais poderão participar uniformizados da próxima Parada Gay. Utilizando, inclusive, viaturas da polícia. A medida pode dar a ilusão de que o Estado se compromete com a luta por liberdade sexual.
Não é verdade. O compromisso é do governo. De uma instância do poder que é passageira. As Forças Armadas são o escudo blindado dos valores conservadores. Sua ação é permanente, secular e violenta. Entre um e outro, o Estado ficará ao lado dos generais.
O movimento gay precisa avançar com suas próprias forças. Através do trabalho de base junto à sociedade. Incluindo soldados e policiais. Conquistar um apoio popular e independente para suas lutas. Sempre desconfiando das instituições governamentais e estatais.
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