Uma das grandes contribuições
do marxista Antônio Gramsci à teoria socialista foi o conceito de hegemonia. Segundo
o revolucionário italiano, hegemonia é a liderança cultural-ideológica que uma
classe exerce sobre as outras.
Vivemos em um sistema baseado
na oferta voluntária de força de trabalho no mercado. Nenhuma lei obriga a trabalhar em troca de salário ou
remuneração. Portanto, a coerção não pode ser principal pilar da dominação da
sociedade capitalista. É verdade que são muitas as vezes em que a classe
dominante faz uso da violência estatal. Mas é o consenso social em torno dela
que torna possível sua utilização.
Portanto, a dimensão
consensual da dominação burguesa é fundamental. E seus elementos pedagógicos
desempenham papel essencial na construção desse consenso. É por meio deles que
são impostos valores que justificam a exploração e a opressão. Daí decorre a
afirmação gramsciana de que “toda relação de hegemonia é necessariamente uma
relação pedagógica”.
Felizmente, ao longo de
séculos de luta, os dominados também desenvolveram sua própria pedagogia. Criaram
suas práticas educativas de resistência e transformação social. E elas ensinam que construir consensos
contra qualquer tipo de dominação implica convencimento, não coação. São as relações
baseadas na persuasão que devem predominar entre os explorados e oprimidos, em
suas lutas e organizações.
O combate sem tréguas e vitórias
impiedosas devem ser reservados a nossos inimigos: a classe dominante, seus aliados,
instrumentos políticos, aparelhos de dominação e de repressão. É como ensina a
antiga palavra de ordem do pacifismo revolucionário: “Paz entre nós, guerra aos
senhores”.
É esta pedagogia da
resistência que vem sendo experimentada nas ruas brasileiras desde junho.
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