As duas últimas pílulas foram
inspiradas por “Veneno Remédio: O Futebol e o Brasil”, de José Miguel Wisnik. O
livro lançado em 2008 mereceria ser sucesso de vendas. Pelo menos, entre os que
amam o esporte sem abrir mão de pensar sobre ele.
Wisnik é professor de literatura
brasileira na USP. Ótimo pianista, é compositor refinado de canções
gravadas por ele e outros intérpretes em vários CDs. É frequentador das partidas de futebol promovidas por Chico Buarque.
Santista de nascimento e de time,
Wisnik jogou muita bola na praia quando criança. Foi adepto da pelada, que é jogada
em terreno delimitado por “linhas imaginárias” e onde o próprio gol é “coisa
abstrata”.
A proposta do estudo é interpretar
o futebol “por dentro”, e não somente a partir de seu entorno. Não se trata
apenas de revelar os interesses políticos, econômicos e inconfessáveis que cercam
o esporte mais popular do mundo.
Mais que isso, a obra procura
abordar o futebol como o “nó cego em que a cultura e a sociedade se expõem no
seu ponto mais visível e invisível”. Paixão nacional que é “veneno remédio, uma
droga inebriante e potencialmente letal que oscila com uma facilidade excessiva
entre o a plenitude e o vazio”.
É preciso suar a camisa para
acompanhar o rápido e inspirado deslocamento do autor pelas várias posições de
onde é possível compreender o futebol. Mas o esforço vale a pena.
A leitura está pela metade, pouco
mais adiantada que o andamento da Copa. O prazer que virá da primeira já está
garantido. É torcer para que aconteça o mesmo com o segundo.
Leia também: A
prosa e a poesia do futebol, segundo Pasolini
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