Em 22/09, a Folha de S. Paulo publicou o artigo “O
primeiro povo indígena anistiado”. Seu autor é Ywynuhu Suruí, do povo Aikewara,
da Terra Indígena Sororó, Pará.
O texto anuncia que aquele povo tornou-se o
primeiro grupo indígena a ser anistiado de acusações da época da ditadura
militar. As falsas alegações os impedem de ocupar plenamente suas terras há 40
anos.
Trata-se de um passo importante rumo à reconquista de seus territórios. Mas, diz o professor, nunca sairão da memória de
seu povo “as cenas de terror
presenciadas na repressão à guerrilha do Araguaia".
Durante três anos, de 1971 a 1973, os Aikewara
viveram assustados quando ouviam qualquer barulho de carro ou avião. Logo
pensavam que seriam mortos. Muitos tinham insônia, não conseguiam dormir
tranquilos porque o tempo todo eram ameaçados por soldados do Exército
brasileiro.
Estas terríveis lembranças, porém, foram zelosamente
transmitidas por várias gerações. Ainda que doloridas, diz Ywynuhu, tais
narrativas precisam continuar sendo “repassadas juntamente com os ensinamentos,
as histórias do povo Aikewara, para nossos filhos e netos”.
Talvez, sobre a esses indígenas perseguidos e
maltratados o que nos falta. Nossa memória sobre esse terrível período de nossa
história foi sequestrada pelos veículos da grande mídia. Os mesmos que apoiaram
a ditadura e continuam a produzir narrativas que deixam seus crimes nas sombras.
Cassar as concessões públicas e processar
judicialmente as empresas cúmplices do terror de Estado. Julgar e punir carrascos
e mandantes. É o mínimo a fazer para honrar a memória dos que tombaram na
resistência à ditadura. Desentranhar as lembranças mais tenebrosas para tornarmos
o futuro menos escuro.
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