Altamente recomendável a leitura de “Marx,
manual de instruções”, de Daniel Bensaid, publicado pela Boitempo. Uma das
chaves do livro é a atualidade da obra do revolucionário alemão.
Principalmente, em relação a duas obras fundamentais: o “Manifesto do Partido
Comunista” e “O Capital”, ambos com a fundamental parceria de Engels.
A respeito do Manifesto, Bensaid destaca
alguns conceitos que são mais válidos que nunca. É o caso do proletariado, que muita
gente confunde com operariado. Uma nota de Engels mostra que isso é falso e
redutor:
...por proletariado [entende-se] a classe dos
assalariados modernos que, não tendo meios próprios de produção, são obrigados
a vender sua força de trabalho para sobreviver.
Por essa definição, os proletários nunca foram
tantos. Eles não apenas estão em enormes fábricas na China. Estão no comércio, bancos,
telecomunicações, instituições públicas em todos os lugares. Grandes contingentes
obrigados a vender sua força de trabalho.
Quanto a “O Capital”, Bensaid cita o
filósofo Gérard Granel, que descreveu a obra como “um trovão inaudível”. Mas, como
diz o autor, “inaudível talvez para aqueles que foram seus contemporâneos. O
estrondo desse trovão, no entanto, não deixou de se amplificar desde então, a
ponto de ser hoje ensurdecedor”.
Bensaid refere-se à crise de 2008, que continua
atingindo as economias no mundo todo. Mas também ao efeito destruidor da acumulação
capitalista. São desastres climáticos e ecológicos, epidemias, violência
urbana, desigualdade social etc. A isso tudo somam-se as guerras, cada vez mais
constantes e intensas.
O grande desafio continua sendo fazer com que
o som da marcha do proletariado se sobreponha às assustadoras trovoadas do
capital.
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