Voltando
à ligação entre o surgimento da chamada “aristocracia operária” e o reformismo,
mais um texto que nega esta relação é “O mito da Aristocracia Operária”, de
Charles Post, publicado em 2003, ainda sem tradução do inglês
Utilizando
dados estatísticos, o artigo mostra que é verdade que a exploração imperialista
sobre os países periféricos pode resultar em mais empregos e melhores salários para
a classe trabalhadora dos países centrais.
Mas o texto
nega a ideia de que apenas um pequeno setor dos trabalhadores seria beneficiado.
Mais precisamente, aqueles que se “venderiam” aos capitalistas e constituiriam uma
“aristocracia” disposta a aceitar uma espécie de “cala-boca” dos patrões.
Outro
mito recorrente atribui aos setores operários mais bem pagos uma certa
indisposição para a luta. Post lembra nada mais, nada menos, que foi exatamente
este tipo de trabalhador que formou a espinha dorsal da vanguarda russa de 1917.
Além
disso, cita outros exemplos semelhantes em processos de resistência revolucionária
em lugares e momentos tão diferentes como França, Itália, Inglaterra, Chile,
Portugal nos anos 1960 e 1970. Ou Polônia, Brasil, Argentina, Venezuela,
Bolívia nos anos 1980 e 1990. Em todos esses casos, foram trabalhadores dos ramos
mais desenvolvidos que encabeçaram as lutas mais radicais.
Dessa
maneira, Post confirma algumas conclusões do artigo de Tony Cliff, já comentado aqui.
O fato
é que o reformismo costuma contar com a simpatia de grande parte dos explorados
e oprimidos. Portanto, é ilusório pensar que a denúncia e o combate a uma
camada de trabalhadores cooptados bastariam para abrir caminho a propostas
revolucionárias.
Na próxima
pílula, continuaremos tentando entender por que isso acontece.
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