Pawel Kuczynski |
Segundo ele, trata-se de
um credo democrático radical que considera a participação e não a representação
a fonte última de legitimidade política.
Baseia-se em noções de
abertura, espontaneidade, transparência, autenticidade e intermediação zero.
Valores profundamente influenciados pela tecnologia digital e sua cultura
correlata.
Essa ideologia é
perfeita para que Facebook, Twitter, Google, Youtube, Uber e Airbnb ganhem
muito dinheiro. Já na esfera política, tende ao hiperindividualismo neoliberal,
diz Gerbaudo.
Uma visão em que a
participação individual se opõe ou desconfia da participação coletiva. Pessoas
isoladas ou em pequenos grupos no lugar de associações, sindicatos ou partidos
tradicionais.
Por outro lado, esse
fenômeno pode criar uma "tirania de pessoas com tempo". Aquelas
que têm a possibilidade e dedicação suficientes para se engajar em discussões qualitativas
complexas. Geralmente, pouco preocupadas com sua sobrevivência.
Para ilustrar, o autor
cita a “Lei da participação 1-9-90” de Jakob Nielsen: em qualquer comunidade, a
grande maioria - 90% ou mais - é feita de usuários passivos. Cerca de 10% dos
participantes são ativos, mas dentro dos quais apenas 1% é realmente atuante. Na Wikipédia, por
exemplo, 0,003% dos usuários criam dois terços do conteúdo do site, exemplifica
Gerbaudo.
Por fim, alerta o autor,
a tomada de decisão é limitada por uma série de regras embutidas no design do
software e nos processos de gerenciamento e moderação das discussões coletivas. E o círculo se fecha.
Tais processos funcionam sob a lógica neoliberal dos novíssimos monopólios da
informação.
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