Um dos temas do livro “Breaking Things at Work”, de Gavin Mueller, é a automação do trabalho, que mostra de modo inegável como a tecnologia é utilizada pelo capital para aumentar a exploração dos trabalhadores.
Em muitos casos, diz Mueller, a automação eliminou e precarizou empregos tradicionalmente ocupados por mulheres. É o caso das telefonistas. Integrantes de um setor quase inteiramente feminino, elas lutaram durante décadas contra condições de trabalho cada vez mais mecanizadas, que concentravam cada vez mais o trabalho nas mesas telefônicas para cada vez menos operadoras, ao mesmo tempo em que eliminavam o tempo de inatividade.
Mas esse tipo de inovação, diz o autor, também teve impacto no trabalho não remunerado das donas de casa. As promessas eram de que a tecnologia aliviaria as tarefas delas e aumentaria seu tempo de lazer. Mas a racionalização do trabalho rapidamente se transformou na racionalização da esfera doméstica.
Uma vez que o trabalho doméstico é uma relação de poder patriarcal, a tecnologia capitalista jamais libertou as mulheres de seus pesados, cansativos e repetitivos afazeres. Ao contrário, seu tempo acabou por ser preenchido com mais trabalho doméstico.
Inovações como o fogão a gás e o moedor de farinha libertaram os homens do corte de lenha e da moagem de grãos, permitindo-lhes mais tempo para trabalhar fora de casa. Mas deixaram para trás mulheres mais sobrecarregadas pelo trabalho doméstico.
A introdução da máquina de lavar substituiu a dependência de lavadeiras profissionais. Ocupações remuneradas trocadas pelo trabalho gratuito das donas de casa.
Em todos esses casos, a tecnologia capitalista intensificou ainda mais a exploração do já super-explorado trabalho feminino.
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