No centenário da morte de Lênin, importante lembrar uma atividade que ele considerava fundamental para a construção de um partido revolucionário: o jornalismo militante.
Mas sob a ditadura czarista, publicar um diário proletário exigia muita astúcia. O relato abaixo está no artigo “Lenin’s Pravda”, de Tony Cliff, e refere-se ao período de 1912 a 1914:
O regulamento de imprensa da época exigia que os três primeiros exemplares de cada edição fossem enviados à censura. Os editores do Pravda tentavam ganhar o máximo de tempo possível entre o envio material e a muito provável chegada da polícia à gráfica. A lei não especificava limite de tempo máximo para o deslocamento entre a gráfica e a polícia. Assim, a tarefa diária de entregar os exemplares foi confiada a um trabalhador de 70 anos, cuja idade avançada era pretexto para a lentidão com que chegava ao seu destino. Depois de fazer sua entrega, o portador permanecia no escritório, fingindo descansar, mas observando tudo. Se depois de ler o Pravda, o inspetor passasse a examinar outro jornal, o emissário encerrava sua missão. Mas quando o censor telefonava para o distrito policial da jurisdição em que ficava a sede do jornal, o entregador saía rapidamente e chamava um táxi para avisar vigias que se postavam nos arredores da gráfica. Uma vez dado o alarme, todos começavam a trabalhar para retirar o máximo possível de exemplares. Quando a polícia chegava, a maior parte da edição já havia desaparecido, sobrando apenas uma quantidade mínima para que a manobra não fosse facilmente descoberta.
Não há movimento revolucionário, sem muita criatividade subversiva.
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