Doses maiores

21 de setembro de 2024

O nome do jogo é fascismo

Franco Berardi publicou recentemente o artigo “Para uma Antropologia do novo fascismo”. Nele, o filósofo italiano afirma que nos debates sobre o crescimento do fascismo, ninguém explica o mais importante: “a qualidade antropológica e psíquica que está por trás da adesão em massa aos movimentos ultrarreacionários”.

Para Berardi, com a “dimensão rápida da tecnologia eletrônica, o pensamento se torna impróprio para a crítica e o pensamento mitológico é restaurado”.

Ainda segundo ele, levantamentos recentes estimam que o tempo médio gasto diariamente pela maioria das pessoas nas redes virtuais é de treze horas. Desse modo:

...a mente submetida ao bombardeio ininterrupto de impulsos eletrônicos, independentemente de seu conteúdo, funciona de forma completamente diferente da mente alfabética, que tinha a capacidade de discriminar entre o verdadeiro e o falso nas informações e que tinha a capacidade de construir um procedimento de elaboração individual. Na verdade, essa capacidade depende do tempo de processamento emocional e racional, que, no caso de um jovem que vive treze horas por dia na infosfera eletrônica, é reduzido a zero. A distinção entre a verdade e a falsidade torna-se não apenas difícil, mas irrelevante, como quando se está em um ambiente de jogo. Em um ambiente como esse, não faz sentido aprovar ou desaprovar a violência dos homens verdes que invadem o planeta vermelho. Fazer isso só serviria para perder o jogo.

Por falar em jogo, um estudo recente estima que Pablo Marçal em apenas uma das várias gincanas de vídeos que promove conseguiu 492 milhões de visualizações. Taí um bom exemplo do novo tipo de animal humano que vem sendo formado.

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