O turismo organiza-se cada vez mais como uma indústria que produz sensações em série. Como aquelas turmas de viajantes que seguem em ritmo acelerado pelos locais mais atraentes do destino turístico da moda. Correm de uma atração à outra, em uma velocidade que vem aumentando muito nos últimos anos, já que agora nem se trata mais de observar, mas de registrar imagens a serem rapidamente despachadas pelas redes virtuais.
Há muito tempo, turismo deixou de ser sinônimo de viagem, no sentido de conhecer os lugares, seus habitantes, costumes, cultura, características locais, e, principalmente, mazelas e contradições. É mais um ramo econômico do qual participamos. Até pouco tempo, nossa função era a de consumidores. Agora, também participamos como produtores, uma vez que costumamos compartilhar nossa experiência por meio de imagens postadas nas redes virtuais, ajudando a manter aquecidas as demandas da indústria do turismo. Por outro lado, quando mostramos as fotos e vídeos a amigos e parentes, temos a sensação de as vermos com o mesmo estranhamento de quem não nos acompanhou na viagem. A experiência parece ter permanecido na dimensão bidimensional das imagens processadas em nossos celulares.
Os fenômenos acima são parte dos que alguns teóricos chamam de “museificação capitalista” da experiência turística. São mais visíveis para quem viaja pela Europa, mas claro que também acontecem em vários outros destinos turísticos, incluindo vários países periféricos. Museus não cumprem sempre e necessariamente essa função alienadora. Mas tal como outras instituições, são capturados pelo fetichismo da mercadoria e carregam pesada herança colonial.
Lei mais sobre esta questão em: A Europa museificada e o turismo instagramatizado.
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