5x favela é um filme agradável. Bem produzido. Direções e roteiros profissionais. Atores competentes e talentosos. Nada disso impede que seja uma fraude.
Seu nome completo é “5x favela, agora por nós mesmos”. É uma produção da Globo filmes. Entre os patrocinadores, a MMX e EBX do grupo controlado por Eike Batista. Como é que um projeto como esse pode falar em nome dos que vivem na favela?
As tramas e dramas exibidos até tentam humanizar o tratamento da pobreza. O filme é melhor do que muita porcaria conservadora.
A direção, roteiros, atores e pessoal técnico podem até ser produto do trabalho de moradores de comunidades. Mas de um lado está a boa vontade, de outro, um poderoso monopólio mundial da informação e da diversão. O fato é que tudo isso está encaixado na linha de montagem da Globo. É a velha pretensão global: “A gente se vê por aqui”. “Até você, morador da favela, se quiser se ver, vai ter que se render ao padrão Globo”.
As comunidades pobres já falam por si mesmas. De muitas maneiras. Quase todas elas massacradas sob toneladas de preconceito, perseguição, discriminação, porrete e bala.
Para falar por ela mesma, já enfrenta tudo isso radicalmente. Jamais pelos caminhos do crime. Nunca pelo beco sem saída do mercado. O caminho é a guerrilha política, social e cultural. Nesta última trincheira, suas armas são as mídias que cria. O muro grafitado, o CD vendido na mão, o evento musical, o blog e o clipe pra ver na lan-house, o funk, o hip-hop, o pagode e o que mais servir para resistir.
Contra os monopólios da grande mídia, milhares de vezes favela!
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