Acaba de ser lançado, na Europa, o "Manifeste d'économistes atterrés". Ainda não tem versão em português. Alguns traduzem o título como “Manifesto dos economistas consternados”. Outros preferem o adjetivo “aterrorizados”.
Talvez “assustados” fique melhor. O documento vai além da consternação, mas não chega a estar tomado pelo terror. Seus signatários argumentam que a Europa vem sendo duramente afetada pela crise capitalista iniciada em 2008. E que a situação pode ficar ainda pior. O que não é pouco.
O longo texto cita 10 falsas evidências. Todas mostrando quão desastrosas foram as políticas neoliberais adotadas na Europa. Mesmo assim, diz o documento, a ideologia neoliberal continua forte.
Governantes, a mídia e organismos como FMI e Banco Mundial, responsabilizam as políticas sociais adotadas na Europa pelos efeitos da crise. Mas, já são 30 anos de substituição dessas políticas por medidas neoliberais.
O documento propõe 22 medidas para “sair do impasse”. O problema é que a maior parte delas apenas busca retomar o modelo do bem-estar social. E este não foi derrotado somente pela ofensiva neoliberal. A rigor e no longo prazo, o capitalismo é incompatível com regulação econômica, serviços públicos universais, amplos direitos trabalhistas, pleno emprego.
Vivemos sob um sistema social suicida para a grande maioria da humanidade. Ou providenciamos seu fim, ou muitas outras crises virão. Cada vez mais trágicas.
Mas, para isso, precisamos de um outro manifesto. Que não seja assinado apenas por economistas, assustados ou não. Que seja expressão da reorganização dos explorados. E comece por romper com as ilusões em medidas tomadas de cima para baixo a partir de um Estado que é controlado pelos capitalistas.
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