A
grande imprensa continua dando destaque ao livro “O Capital no Século 21”, de
Thomas Piketty. A obra costuma ser elogiada por desmentir tanto as promessas de
prosperidade capitalista quanto o “apocalipse marxista”. Esta última expressão aparece
no livro, mesmo que seu autor nunca tenha lido Marx.
Na
verdade, é muito difícil encontrar previsões nos escritos marxistas, muito
menos profecias e revelações. O mais próximo que Marx e Engels chegaram disso está
no “Manifesto Comunista”. É a famosa descrição dos proletários como coveiros da
burguesia. A imagem tem seus motivos. Coveiros não matam, apenas enterram.
O
capitalismo teria um fim não apenas devido a suas próprias contradições, mas
porque na História tudo chega a um fim. Ao mesmo tempo, Marx e Engels fazem o
célebre chamado: “Proletários do mundo, uni-vos!”. Ajam, explorados! Mexam-se
ou vocês também serão enterrados com o capitalismo.
A
intenção não era tanto prever um desastre final, mas mostrar que a vitória do
comunismo não seria inevitável. Por isso, a importância da ação humana. A
necessidade de lutar. Afinal, o Manifesto é um genial texto de agitação.
Já
“O Capital”, com seu caráter pesadamente teórico, priorizava a descoberta de
tendências históricas, não fatos do futuro. Mesmo assim, a obra não deixa
dúvidas: o sistema capitalista é insustentável como resposta às necessidades do
conjunto da humanidade.
Estamos
em plena crise econômica mundial e à beira de um colapso climático. Sofremos
desastres ambientais em escala planetária. Envenenamos terra, água, flora e
fauna. Já são alguns séculos de guerras ininterruptas. Mais de 840 milhões
passam fome no mundo. Tudo isso acontecendo e o apocalipse é marxista?
Leia
também: O
delírio de Krugman e Piketty
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