O livro “Capital in the
Twenty-First Century” (“O capital no século 21”) continua a causar sensação. Escrita
pelo economista francês Thomas Piketty, a obra afirma que a vocação do
capitalismo é criar mais desigualdade social.
Piketty estudou dados de 30
países referentes ao período de 1700 a 2012. Verificou que a produção anual
cresceu em média 1,6%, mas o rendimento do capital foi de 4 a 5%. Números que comprovam
o que Marx já havia afirmado, século e meio atrás.
A diferença é que Piketty não
é marxista e utiliza métodos da economia
clássica, que sempre afirmou que no capitalismo a desigualdade tende a diminuir.
O economista francês afirma que, em 300 anos de capitalismo, a desigualdade só
caiu nos 25 anos após o genocídio provocado por duas guerras mundiais.
É a pressão dessa realidade
que vem levando lideranças mundiais a admitir os males do capitalismo. O Papa Francisco
afirmou em um documento publicado em 2012: “Não podemos mais confiar nas forças
cegas e na mão invisível do mercado”. Em suas campanhas eleitorais Barack Obama
e François Hollande destacaram os problemas criados pela desigualdade.
O estudo de Piketty é uma
contribuição importante, sem dúvida. Mas quem luta contra o capitalismo já
havia sido informado de seu conteúdo muito antes. O movimento Occupy, por
exemplo, desde 2008 vem alertando: 99% da humanidade são explorados pelo 1% que
controla a riqueza e o patrimônio mundial.
Resta saber se a esquerda que
governa continuará tentando gerenciar uma máquina que só sabe produzir
injustiça social. Se escolherá a tradição revolucionária de Marx ou a
radiografia do óbvio de Piketty.
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