Esta separação costuma criar a ilusão de que políticos e empresários têm interesses diferentes e até opostos. É ela que permite que os políticos profissionais sejam vistos como campeões da corrupção, enquanto seus corruptores fingem ser vítimas do Estado vilão.
De vez em quando, essa mitologia sofre abalos. É o caso das recentes operações da Polícia Federal. Aquela que foi batizada de Zelotes flagrou grossa corrupção envolvendo corporações como Bradesco, Santander, BR Foods, Petrobras, Light e Rede Globo.
Os valores podem chegar a R$ 19 bilhões, mais que o dobro do estimado para a Operação Lava-Jato, outro esquema revelado pela PF e que também beneficia o alto empresariado.
Empresários graúdos também são citados no chamado “Swiss Leaks”, que envolve um enorme esquema de evasão fiscal através da filial suíça do banco HSBC.
O fato é que os políticos profissionais são despachantes de luxo, cuja eleição é generosamente financiada pelo grande capital.
O fim do financiamento privado das campanhas eleitorais pode até aliviar essa situação. Mas o que precisamos realmente é da grande maioria fazendo política para não deixá-la sob controle dos grandes empresários e seus office-boys engravatados.
A separação entre política e economia acaba valendo só para os trabalhadores. Redução da jornada de trabalho e salários dignos são algumas medidas econômicas que dariam aos explorados mais tempo e condições para participar da vida política.
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Bom, muito bom. Fico em dúvida sobre o fim do financiamento privado, não que não deva se lutar, acho até que na prática é uma grande bandeira para demarcar com os falsos defensores da ética, mas e quem tem dinheiro para poder investir nas suas próprias campanhas. como fica? Campanha sem nenhum recurso seria o ideal, mas como fazer?
ResponderExcluirPois é, Marião. Na verdade essa pílula ficou meio mal ajambrada. Também não acho que o fim do financiamento privado evite os problemas da política institucional. Poderia ser um valor mínimo para divulgar propostas etc. Mas com o Congresso atual é mais fácil legalizarem os lobbies como é nos EUA. Na verdade, dá vontade de dizer que só resolve fazendo a revolução pra comecar a acabar com a divisão social do trabalho em que os interesses de uns poucos governam a vida da grande maioria. Mas e as mediações pra isso? Inclusive levando em consideração que não basta só negar a política institucional, sem outras formas de participação. E falar em participação direta também é complicado diante de dezenas de milhões de pessoas que mal têm tempo de ganhar a vida, quanto mais de fazer política.
ResponderExcluirO pior é que do jeito que tá, é muito mais fácil cairmos em uma onda fascista de de pura e simples negação da democracia. Sei lá...
Abraço