Doses maiores

11 de agosto de 2015

É racismo, puta que o pariu!

Em 1963, uma bomba explodiu dentro de uma igreja batista no Alabama, Estados Unidos. Quatro meninas negras morreram.

Furiosa, Nina Simone compôs “Mississippi Goddam”, referindo-se a um dos estados americanos mais racistas. Nascia a guerreira. Explodia a raiva que ela acumulava desde que foi rejeitada como pianista clássica por ser negra.

A partir daí, Nina engajou-se firmemente na campanha pelos direitos civis e contra o racismo. Passou a compor canções de denúncia e protesto. Citava Luther King, Malcolm X e buscava inspiração em organizações como a dos Panteras Negras.

Foi o bastante para que a indústria cultural começasse a fechar-lhe as portas. O sucesso estrondoso da musicista de jazz não resistiu a seu engajamento político. Mas não teve arrego. “Como você pode ser um artista e não refletir os tempos? Para mim, essa é a definição de um artista”, afirmou certa vez.  

Antes do Alabama, as ações da Ku-Klux-Klan e os corpos negros pendurados em árvores. Depois, o assassinato de King e Malcolm X. Em 1992, Las Vegas literalmente pegou fogo porque sua população negra não aguentava mais o racismo policial.

Nina não chegou a ver as recentes revoltas contra o ódio racial em Fergurson. Não cantou com raiva pelos corpos negros que tombaram novamente em uma igreja, em Charleston. Morreu em 2003, longe do sucesso, cheia de dignidade e na memória de todos os que se levantam contra o racismo.

A palavra “goddam” costuma receber traduções suaves como “droga” ou “maldição”. Mas a expressão mais adequada e que traduz toda a indignação e fúria que o racismo merece, sem dúvida, é “puta que o pariu!”

Ouça a música, clicando aqui

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5 comentários:

  1. É isso mesmo, puta que o pariu e bala para todos estes filhos das putas racistas.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Fiquei com tanta raiva que devo ter socado o teclado e disparou duas vezes.

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  4. Maravilhosa. Genial. Eterna. Incontáveis vezes que dormi e chorei ao som de sua voz.

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