A China costuma ser chamada de “fábrica do
mundo”. É lá que estão o maior parque industrial do planeta e a mais numerosa classe
operária da história. Esta última, explorada a uma taxa que faz a alegria do
capitalismo global e mantém o sistema rodando.
Mas cada vez que o motor chinês diminui o ritmo, os neoliberais condenam a
falta de democracia no gigante asiático. Cobram mais transparência,
principalmente na divulgação de números oficiais, que é o que realmente lhes
interessa.
O problema é que fábricas feitas para gerar lucros não podem ser democráticas
nem abrir sua contabilidade, sob pena de serem atropeladas pela concorrência.
Na verdade, os que os neoliberais temem é a capacidade de resistência de uma
ditadura sem disfarces. Em nossas democracias ficamos felizes em votar
periodicamente. Mas somos governados por instituições não eleitas, como bancos
centrais, FMI, OMC, Banco Mundial etc. A recente rendição do Syriza diante do
golpe de estado promovido pela Troyka é mais uma prova disso.
O grande risco seria a rigidez política do regime chinês começar a sofrer rachaduras
que afetem seu desempenho econômico. Quando a fábrica em que se transformou a
União Soviética quebrou, arrastou consigo apenas seus mercados cativos no Leste
Europeu. Já a indústria chinesa, está totalmente integrada ao mercado mundial.
Apesar disso, os neoliberais não ousam esperar mais liberdade que aquela que permite
ao capitalismo mundial manter a superexploração dos trabalhadores chineses. Afinal,
se a maior classe operária do mundo conquistar liberdade sindical e democracia
política, uma crise econômica na China seria o menor dos problemas para a
economia global.
Leia também: O tsunami econômico e a bigorna
neoliberal
Interessante.
ResponderExcluir