Se a sociedade, tal como é, não
contivesse, ocultas, as condições materiais de produção e circulação
necessárias a uma sociedade sem classes, todas as tentativas de criá-la seriam
quixotescas.
O Manifesto Comunista afirma que a
burguesia “não pode existir sem revolucionar incessantemente os instrumentos de
produção, por conseguinte, as relações de produção, e com isso, todas as
relações sociais”.
E sob esta lógica, dizem Marx e
Engels, “dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com
seu cortejo de concepções e de ideias secularmente veneradas (...). Tudo o que é
sólido e estável desmancha no ar”.
A Revolução da Inteligência
Artificial parece ser mais um passo nesse caminho de dissolução das certezas. E,
desta vez, tudo indica que a uma velocidade muito maior do que a que se
verificou com o vapor, a eletricidade e a informática.
Poucos se mostraram tão
entusiasmados com os avanços tecnológicos do capitalismo quanto os dois revolucionários
alemães. Mas sempre sob a condição de que eles viessem para beneficiar toda a
humanidade e não apenas uma pequena parte dela.
A Revolução 4.0 apresenta um grande potencial
nessa direção. As chamadas economias compartilhadas ou do comum, por exemplo, podem
ganhar uma forte dimensão anticapitalista a partir dela.
Que tais possibilidades estejam sendo
utilizadas para a criação de monopólios como Google, Facebook, Uber, Airbnb, relaciona-se
menos às tecnologias envolvidas e mais aos valores que as orientam. Muito menos
a debates acadêmicos, muito mais à luta de classes.
Leia
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fascismo e a censura do Vale do Silício
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