Causou certo barulho a
divulgação de um estudo publicado no início de setembro pelo World Wealth
Income Database, instituto dirigido por Thomas Piketty. Suas conclusões negam a
ideia de que houve queda na desigualdade de renda no Brasil nas últimas
décadas.
Segundo o levantamento,
atualmente o 1% mais rico concentra 28% da renda nacional, equivalendo a um
crescimento de 3% desde 2001. Além disso, de 2003 a 2008, o 0,1% mais rico da
população se apropriou de 68% do crescimento da renda.
Mas o fato é que a
pesquisa só reforça estudos anteriores feitos por brasileiros. Principalmente,
por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. E todos
contornam um problema metodológico que mascarava toda essa concentração de
riqueza.
Os levantamentos anteriores
utilizavam apenas dados das pesquisas domiciliares do IBGE. E os atuais usam informações
de declarações de Imposto de Renda, que até pouco tempo atrás não estavam disponíveis.
Os números da Receita
Federal não se limitam aos rendimentos, mas revelam também o tamanho do patrimônio, da riqueza.
Quando se olha para eles, fica claro que houve redistribuição de renda, sim. Mas
só entre os trabalhadores da faixa intermediária de renda para os de patamar
inferior.
Os imensos ganhos de capital
da minoria bilionária que atua no País ficavam escondidos por essa cortina de fumaça
estatística. Acomodado a esta situação, um projeto político que logo seria
tratado com enorme ingratidão por quem mais se beneficiou dela.
Petistas e lulistas dirão
que a divulgação de informações como essas “faz o jogo da direita”. Deveriam admitir que muitos deles é que vêm fazendo este jogo há anos.
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