Doses maiores

18 de setembro de 2017

Quando a economia vai bem porque o povo vai mal

Governo e grande mídia vêm comemorando a redução da taxa de juros pelo Banco Central e a maior alta da Bolsa de Valores de São Paulo desde 2008. Mas não é bem assim.

De fato, em outubro de 2016, a taxa de juros estava em 14% anuais. Atualmente está em 9,25%. Mas não se deve comparar esses dois índices entre si, e sim, taxa de juros e nível de preços.


Acontece que o índice de preços do governo federal (IPCA) registrava 9% anuais em agosto de 2016, contra os atuais 2,7%. Aritmética simples. A taxa de juros, descontado o nível de preços, passou de 5%, antes, para 6,5%, hoje.


Já a subida da Bolsa é explicada por José Paulo Kupfer em artigo publicado no Globo, em 15/09. Segundo ele, a alta corresponde a ações de empresas cujo “desempenho depende pouco ou nada de uma eventual recuperação do mercado interno”. Os detalhes:

Apenas cinco papéis entre os 60 que compõem o índice respondem por cerca de 40% de seu movimento. Dois são de bancos (Itaú e Bradesco), outros dois são de produtores de commodities (Petrobras e Vale), cujas receitas são fortemente correlacionadas com as cotações internacionais, e o último é de uma empresa que, embora opere no mercado de consumo (Ambev), é bastante internacionalizada, a ponto de obter no exterior quase metade de suas receitas.

Em 1974, o ditador sanguinário, general Garrastazu Médici, afirmou: "A economia vai bem, mas o povo vai mal". Antes, agora e quase sempre na história do País, esta frase deve ser interpretada assim: “A economia vai bem porque o povo vai mal”.

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