“No
Rio de Janeiro a milícia não é um poder paralelo. É o Estado”, diz José Cláudio
Souza Alves, em entrevista a Mariana Simões para a Agência Pública,
publicada em 31/01/2019.
Autor
do livro “Dos Barões ao extermínio: a história da violência na Baixada
Fluminense”, o sociólogo estuda as milícias há 26 anos. Segundo Alves,
elas:
São formadas pelos próprios agentes do Estado. É um
matador, é um miliciano que é deputado, que é vereador. É um miliciano que é Secretário
de Meio Ambiente. Sem essa conexão direta com a estrutura do Estado não haveria
milícia na atuação que ela tem hoje.
Alves
identifica suas origens na criação da Polícia Militar, em 1967. A partir daí,
vieram os esquadrões da morte, que teriam inspirado os atuais grupos de
extermínio.
A
certeza da impunidade que as ligações com o Estado permitem é tamanha, afirma o
entrevistado, que seus membros já chegam dizendo: “Eu sou o cara, eu sou o
matador, eu tenho vínculos com fulano, beltrano e sicrano. Eu ocupo este
cargo”.
E
os três mandatos do PT no governo federal nem arranharam essa estrutura,
lamenta Alves. Ao contrário, é triste lembrar que o partido chegou a ter um
deputado miliciano na Alerj.
O
resultado está aí. Hoje, a milícia é o Estado não somente no Rio de Janeiro.
Entre
as principais características dessas organizações, afirma o sociólogo, estão a
estrutura familiar e a vinculação a igrejas. Duas instituições cuja
credibilidade é explorada com sucesso pelos grupos de extermínio.
Mas
não tem Brasil acima de tudo ou Deus acima de todos. Só a milícia no comando.
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