Doses maiores

28 de maio de 2019

Pra brigar, tem que entrar na arena

Esperava-se que as manifestações do dia 26/05 fossem uma resposta do governo àquelas realizadas em 15/05. Acabaram sendo muito menores que as da oposição, mas a questão nem é essa.

O grande alvo dos protestos bolsonaristas foram setores da própria direita. Da “velha política”, dizem eles. Afinal, se há alguém que vem atrapalhando os planos de Bolsonaro, é a direita tradicional

A esquerda tradicional, nem isso vem fazendo.

Ao contrário, setores petistas e sua periferia parecem querer que Bolsonaro siga apenas tropeçando. Porque se ele cair, Mourão assumiria com mais capacidade de pacificar o campo conservador e aplicar o programa ultraliberal de Guedes.

Pior que isso, devem pensar esses setores, Mourão poderia emplacar uma reeleição. Melhor então que Bolsonaro siga aos trancos e barrancos até ser derrotado nas próximas eleições.

O problema é que enfrentar Bolsonaro tem pouco a ver com o calendário eleitoral ou institucional. Os fascistas não estão esperando a aprovação desta ou aquela lei ou reforma. Os reacionários não estão organizando seus cabos eleitorais.

Conservadores e fascistas já estão intensificando suas práticas de perseguição e morte de mulheres, negros, indígenas, quilombolas, LGBTs, lideranças camponesas e populares em geral.

Claro que é grande o risco de acabarmos sob um governo Mourão mais eficiente e tão truculento quanto o atual. Mas pior que o vice assumir, é isso acontecer por iniciativa dele mesmo ou de seus aliados trogloditas.

Mesmo que Mourão venha a substituir o titular de vez, é muito melhor que isso aconteça como resultado de uma grande ofensiva popular hegemonizada pela esquerda.

Se queremos vencer, temos que, pelo menos, entrar na arena.

2 comentários:

  1. Boa análise, Sérgio. Será que o PT espera mesmo 4 anos de tropeços? Acho que o que nos espera de melhor mesmo é aproveitar os rachas do topo e avançar, independente de com qual crápula será.

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