Quando voltou de sua viagem aos Estados Unidos, em 1979, Deng Xiaoping atacou o Vietnã e cortou a ajuda material aos partidos comunistas da Ásia envolvidos na luta contra seus governos capitalistas.
Era uma mensagem concreta aos Estados Unidos: não queremos mais combater o capitalismo e estamos interessados em trabalhar juntos para fazer fortuna juntos!
No nível interno, o PC chinês iniciou a mudança de sua base social, trocando os trabalhadores pelos “novos empreendedores”. Em 1982, o partido começou a atacar os direitos dos trabalhadores, retirando, inclusive, o direito de greve da Constituição. Também introduziu revisões constitucionais para apoiar a criação de empresas privadas.
Outra mudança foi a introdução dos dois sistemas de preços: "preços planejados" e "preços de mercado". Com isso, os gerentes passaram a ter a oportunidade de comprar produtos pelos "preços planejados", menores, e revendê-los pelos "preços de mercado", mais altos.
Estas medidas começaram a entrar em choque com os interesses de amplas parcelas da população. Em especial, com a massa universitária que começava a se formar como produto das necessidades da industrialização. Mas também com os trabalhadores urbanos.
Essas contradições e conflitos foram se acumulando durante a década, até que explodiram em uma série de mobilizações entre abril e junho de 1989. Grandes manifestações foram protagonizadas por diversos setores da população, com destaque para os estudantes e setores operários.
O relato acima está no livro “China: Um capitalismo burocrático”, de Au Loong Yu, ainda sem tradução para o português. Na próxima pílula, abordaremos o ponto culminante e trágico de todo esse processo: o Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim.
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