O livro “Armadilha da identidade”, de Asad Haider, é uma obra importante para o debate sobre o chamado “identarismo” no interior da esquerda. Seguem alguns trechos esclarecedores.
A expressão "política identitária" surgiu em 1977, utilizada pelo Coletivo Combahee River (CCR), um grupo estadunidense de militantes negras lésbicas de Boston. O manifesto do coletivo “A Black Feminist Statement” afirma:
Acreditamos que a política mais profunda e potencialmente mais radical vem diretamente da nossa própria identidade, ao invés de agir para acabar com a opressão exercida pelo outro. Porém, isso não significa, para o CCR, que a política deveria ser reduzida às identidades específicas dos indivíduos envolvidos nela.
Em depoimento recente, Barbara Smith, uma das fundadoras do coletivo reafirmou:
O que estávamos dizendo é que temos direito como pessoas que não são apenas mulheres, que não são unicamente negras, que não são apenas lésbicas, que não são apenas da classe trabalhadora, ou trabalhadoras – que somos pessoas que incorporam todas essas identidades e que temos direito de construir e definir a teoria e prática políticas baseadas nessa realidade... Isso é o que quisemos dizer com política identitária.
Para o CCR, a prática política feminista significava, por exemplo, participar dos piquetes durante greves na construção civil durante os anos 1970. Mas terminou "sendo aproveitado por aqueles com uma política diametralmente oposta àquelas do CCR”.
O exemplo mais recente, diz o autor, foi a campanha presidencial de Hillary Clinton, que usou a política identitária para combater o surgimento de uma opção de esquerda no Partido Democrata, em torno de Bernie Sanders.
O resultado, todas e todos sabemos qual foi.
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