Nos anos 1990, o investimento estrangeiro estava se tornando dominante em alguns setores da indústria chinesa e metade do valor dos produtos exportados vinha de multinacionais. Muitos previam que, desse modo, a China voltaria à condição semicolonial sob domínio imperialista.
Em seu livro “China: Um capitalismo burocrático”, Au Loong Yu mostra por que isso não aconteceu. Segundo ele, há setores considerados estratégicos para a soberania econômica e a "segurança nacional". Por exemplo, minerais raros, riquezas naturais, indústria da defesa, bancos, seguros, mídia etc. Nestas áreas, as empresas nacionais e, em particular, as empresas estatais, permanecem dominantes.
Em 1995, pela primeira vez, o Conselho de Estado publicou um guia listando os setores em que o investimento estrangeiro direto poderia ser incentivado ou apenas autorizado, reduzido ou totalmente proibido. Este documento é alterado periodicamente para destacar o que é considerado mais adequado ao "interesses nacionais” naquele determinado momento.
As empresas transnacionais resistiram a princípio, mas finalmente aceitaram as condições chinesas em troca de acesso a seu gigantesco mercado.
Mas a verdadeira razão para toda essa vigilância chinesa são os interesses da burocracia dominante, diretamente ligados à expansão do capitalismo de estado.
Os pontos fortes do chamado modelo chinês, afirma Au Loong, baseiam-se na combinação das necessidades determinadas pela acumulação de capital com as especificidades chinesas. E entre estas, está a herança da grande revolução popular nacional de 1949. Obviamente, isso não pode ser facilmente replicado em outras partes do mundo.
E se depender dos dirigentes chineses, jamais voltará a se repetir em nenhum outro lugar sob sua hegemonia. Falaremos mais sobre isso na próxima pílula.
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Pois é, um capitalismo nacionalista. Nem essa autonomia aqui tivemos.
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