Se durante a formação da modernidade, diz a autora, a luta era pelo direito a uma sexualidade livre de constrangimentos comunitários ou sociais, a modernidade tardia assume que a liberdade sexual e emocional é exercida incessantemente pelo direito de não se envolver ou se desligar de relações.
Um processo, afirma ela, que podemos chamar de "opção pela não opção": optar por sair de relacionamentos em qualquer estágio.
Hierarquia, controle e contrato eram elementos centrais para o capitalismo em seu período moderno. Eles se refletiram na visão do amor como uma relação contratual, livremente celebrada, regida por regras éticas de compromisso, produzindo benefícios óbvios e exigindo estratégias emocionais e investimentos de longo prazo.
Mas o capitalismo se transformou em uma rede global ramificada, com propriedade e controle dispersos. Surgiram novas formas de descompromisso, com horários flexíveis ou terceirização de mão de obra, fornecendo poucas redes de segurança social e quebrando laços de lealdade entre trabalhadores e locais de trabalho. Legislações e práticas trabalhistas diminuíram drasticamente o compromisso das empresas com seus empregados.
Na modernidade em rede, conclui Eva, assumem importância as maneiras pelas quais os laços se dissolvem e essa dissolução é considerada uma forma social em si mesma.
Ou como já disseram dois revolucionários quase dois séculos atrás: “Tudo o que é sólido desmancha no ar”. Inclusive, e tristemente, as relações afetivas.
Leia também: O fim do amor nas relações heterossexuais
Poderíamos dizer que o capitalismo não mais necessita dessa forma de relacionamento contratual de casal, família etc?!?!
ResponderExcluirNão sei. Talvez, não. Mas ainda precisa da mulher como provedora dos serviços de reprodução social no âmbito doméstico. Se a falta das relações contratuais formais pode comprometer isso, taí uma situação bem contraditória para o capital.
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