Mas a autora optou por concentrar sua pesquisa nas relações heterossexuais. É que ela entende que a homossexualidade não tende a traduzir gênero em diferença, nem diferença em desigualdade. Também não se baseia na divisão de gênero entre trabalho biológico e econômico que caracteriza a família heterossexual.
Nesse sentido, diz ela, o estudo dos efeitos da liberdade sobre a heterossexualidade seria sociologicamente mais urgente por interagir com a estrutura ainda generalizada e poderosa da desigualdade de gênero. Desse modo, a chamada liberdade sexual torna a heterossexualidade repleta de contradições e crises.
Além disso, porque a heterossexualidade foi estritamente regulamentada e codificada pelo sistema social como algo que supostamente levava ao casamento, a mudança para a liberdade emocional e sexual nos permite compreender de forma mais nítida o impacto da liberdade nas práticas sexuais e a contradição que tal liberdade pode ter criado com a instituição do casamento (ou da união estável) que permanece no cerne da heterossexualidade.
Em contraste, a homossexualidade era, até recentemente, uma forma social clandestina e de oposição. Por isso, foi definida como uma prática de liberdade, conflitante e oposta à instituição doméstica do casamento, que usa e aliena as mulheres e atribui aos homens papéis patriarcais.
Esclarecida essa questão metodológica, as pílulas seguirão comentando a obra de Eva Illouz.
Leia também: O fim do amor: uma sociologia das relações negativas
Boas reflexões, tema que sempre me interessou.
ResponderExcluirQue bom. É um tema de que gosto também, mas muito complexo pra mim. Vamos ver se consigo continuar a passar o que ela discute sem muitos erros e simplificações.
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