A escravização humana causou enorme e terrível impacto nas sociedades africanas. Para ter acesso à força de trabalho escravizada, os europeus estimulavam guerras fornecendo armas, munições, cavalos, armaduras e até treinamento militar aos seus aliados africanos. Entre 1750 e 1807, a Inglaterra teria embarcado para a África mais de 22 milhões de toneladas de pólvora.
Soberanos ou líderes tradicionais eram mortos, afastados do poder ou cooptados pelas engrenagens do comércio de gente.
“A enorme quantidade de armas e pólvora que os europeus trazem para cá tem causado guerras terríveis entre os reis, príncipes e chefes destas terras, que fazem de seus prisioneiros escravos”, dizia um memorando holandês de 1730. “Esses cativos são comprados imediatamente pelos europeus, a preços cada vez mais elevados. Como consequência, agora existe pouco comércio de mercadorias entre os próprios negros, com exceção de escravos. As antigas rotas de comércio estão todas fechadas”.
Em média, compravam-se dez escravizados por quinhentos litros de cachaça. Armas, pólvora e munições representavam o terceiro item mais valioso. Em 1760, no porto de Luanda entravam entre 6 mil e 7 mil espingardas por ano, sem falar do número grande que entrava por contrabando.
O relato acima baseou-se no segundo volume de “Escravidão”, de Laurentino Gomes. Mostra que a colonização europeia não encontrou no continente africano sociedades igualitárias e harmoniosas. Havia dominação de classe, rígidas hierarquias sociais e a escravização humana já era uma realidade local. Mas o colonialismo que pariu o sistema capitalista fez da servidão a grande alavanca para um sistema que até hoje escraviza a grande maioria da humanidade em favor do lucro para poucos.
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Boa, muitas ilações a partir desse relato. A primeira é reconhecer que na África, assim como em muitas outras sociedades originárias, tinha a dominação de nações por outras (fiquei muito impressionada com a Asteca, que até hoje é cultuada como um grande exemplo), lógico que foi aprofundada pela dominação europeia; outra é reconhecer como promovem guerra até hoje para escravizar as nações.
ResponderExcluirValeu
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