Em muitos centros de distribuição (CD) da Amazon espalhados pelo mundo, há pôsteres enormes com o slogan: “Trabalhe duro. Divirta-se. Faça história". Em regime de turnos que variam de acordo com as condições e regulamentações locais, esses lugares empregam normalmente entre mil e quatro mil trabalhadores. São, principalmente, selecionadores, cuja função é recolher mercadorias nas prateleiras. “Tudo aqui tem código de barras, até eu”, explica um deles.
O armazenamento não depende de agentes humanos que conheçam a posição dos itens, mas de um algoritmo. Somente o software da Amazon sabe exatamente onde cada mercadoria está armazenada e pode orientar os trabalhadores até ela. Em casos de problemas no programa ou falta de energia, o estoque instantaneamente se torna uma bagunça onde nada pode ser encontrado. Quando o sistema funciona, porém, otimiza tanto a capacidade de armazenamento quanto a eficiência das operações do depósito.
O CD é mapeado de acordo com o tempo que os trabalhadores levam para se deslocar entre locais identificáveis. Essas instalações são espaços algoritmicamente organizados, governados pela velocidade e eficiência.
Os selecionadores recebem metas de desempenho que variam entre 60 e 180 coletas por hora. No entanto, as metas parecem aumentar ao longo do tempo: “Depois de atingir minhas metas, elas quase sempre são mais altas no dia ou hora seguintes”, relatou um funcionário da unidade de Leipzig, Alemanha.
As informações acima estão no livro “Fábrica Digital”, de Moritz Altenried. Mostram o quanto de trabalho humano superexplorado e disciplinado está por trás do chamado capitalismo digital. E como sua organização se parece muito com a do modelo fabril clássico.
Continua nas próximas pílulas.
Leia também: A exploração humana nas fábricas digitais
Muito louco, ou melhor, muito perverso
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