Em seu livro “A Fábrica Digital”, Moritz Altenried mostra como a atividade do selecionador de mercadorias em grandes depósitos como os da Amazon e Walmart constitui um excelente exemplo do que ele chama de taylorismo digital: “A inserção do trabalho humano em máquinas algorítmicas complexas de forma a inverter a relação entre tecnologia e trabalho humano”.
Esses funcionários, diz Altenried, atuam como meros executores de softwares que ditam o caminho que eles devem percorrer pelo espaço codificado nos enormes galpões. Mas cita um relatório de 2014, de um centro de logística da Amazon, na Alemanha, para evidenciar a persistência de antigos métodos de controle e vigilância:
XY (funcionário) estava inativo em 29.08.2014 no horário de 07:27h até 07:36h (9 minutos). A ocorrência foi feita por XA (supervisor) e XB (gerente de área). XY e XZ (funcionários) estavam conversando entre os locais de recebimento 05-06 e 05-07 no transportador de nível 3 no Hall 2. Já em 01.10.2014, XY ficou inativo entre 08:15h e 08:17h (2 min). Fato observado por XC (líder) e XD (gerente de área). XY voltou do banheiro junto com XW (funcionário) às 08:15h. Depois disso, conversou com XV no Hall 2 durante 01:01 minutos, voltando ao trabalho às 08:17h.
O autor adverte, porém, que uma diferença crucial em relação ao taylorismo original é que sua aplicação na fábrica digital pode reunir diferentes trabalhadores sem homogeneizá-los em termos espaciais ou subjetivos. O trabalhador digital está longe de ser massificado como seu equivalente industrial. E isso traz novos e maiores desafios para a luta permanente contra a exploração e opressão capitalistas.
Continua...
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