Voltamos ao tema da disputa nas redes virtuais. Matéria da Folha de 06/03/2023 alerta “Bolsonarismo cresce e esquerda encolhe nas redes desde as eleições”.
Segundo a nota, levantamento da agência .MAP mostra que perfis de direita fecharam fevereiro com 30,7% dos engajamentos no Twitter e no Facebook, sendo 87% deles bolsonaristas. A aprovação a Bolsonaro estaria em 41,9%, tendo sido citado em 3,17 milhões de publicações. Já a esquerda, estaria em queda desde outubro, ficando com 13% de participação do total. A análise foi feita a partir de um universo de 1,4 milhão de publicações no Twitter e no Facebook.
O engajamento nas redes não pode ser menosprezado por ocorrer em ambiente virtual. Partidos, sindicatos e associações continuam passando por uma grave crise de representatividade e confiança. A direita buscou alternativas, contando com a boa vontade dos monopólios capitalistas das redes.
Vale a pena lembrar a elaboração do sociólogo italiano Paolo Gerbaudo. Em seu livro “The Digital Party”, de 2019, ele alertava para a importância e os riscos da organização partidária pelas redes. Uma forma de organização que encantou setores da esquerda no começo da década passada, mas que acabou se revelando mais adequada à dinâmica alienante, despolitizada e irracional típica da extrema-direita.
Em sua obra, Gerbaudo mostra como o tradicional partido de massas estava ligado ao modelo fordista de produção. Depois, veio o “partido-televisão” correspondente ao mundo “pós-industrial”. Finalmente, chegamos ao partido-plataforma, reproduzindo a lógica das redes digitais.
Nada disso quer dizer que a esquerda deve abandonar suas tradicionais formas de organização. Apenas que não pode ficar presa somente a elas.
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