Quando estourou o escândalo das Americanas surgiram nas redes memes como: “Vendendo Kit-kat a R$ 1,99, Americanas só podia acabar quebrando”. Involutariamente, a piada apontava um sintoma. O preço baixo jamais fez desaparecer as pilhas do chocolate das lojas. Afinal, não havia renda suficiente no mercado para desencalhar essa e outras mercadorias.
Outro sintoma dessa situação é aquilo que foi apontado como causa da quebra da varejista. O buraco de 20 bilhões no balanço da empresa tem cheiro de fraude. Mas também é resultado de uma economia mergulhada na recessão devido a vários fatores: achatamento salarial e elevado desemprego causados pela reforma trabalhista; a criminosa administração da crise pandêmica pelo governo genocida e a opção deste último pelo liberalismo mais selvagem, incluindo taxas de juros pornográficas.
Os controladores das Americanas optaram por esconder os prejuízos causados por essa situação. Desde que foram revelados, no entanto, a oferta de crédito despencou. Os bancos não querem correr o risco de conceder novos empréstimos sem lastro. Menor oferta de crédito, menos produção, consumo e empregos.
A crise de 2008 foi causada por empréstimos podres (subprimes) escondidos em derivativos financeiros. Os débitos podres ocultos no balanço das Americanas é nossa versão do subprime.
Claro que as consequências estão longe de ser as mesmas que as da crise estadunidense. Até porque já vivemos há anos uma situação de quebradeira de empresas e desemprego elevado. A crise que começou lá periodicamente ganha novos impulsos por aqui.
É o capitalismo gângster, à moda americana. De Wall Street à Faria Lima. Tudo muito conveniente para fortalecer o gangsterismo fascista no cenário social e político.
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