Ricardo Festi é doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Sua área de pesquisa são empresas-plataformas como Ifood, Uber, Rappi. Em esclarecedora entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos, ele afirma:
Justamente porque as novas tecnologias produzem relações de trabalho semelhantes aos do século XIX é que pautas antigas, como a diminuição da jornada de trabalho, seguem mais atuais que nunca.
Mas tais lutas não dizem respeito somente a seus trabalhadores. Afinal, diz o sociólogo:
...se esta nova lógica de relação de trabalho (quase servil) das empresas-plataformas se estabelecer na legislação brasileira, serão abertas as portas para a plataformização de todas as categorias profissionais. Está em jogo, portanto, o futuro do mundo do trabalho e não apenas de uma ou outra categoria profissional.
Festi também ressalta que:
A maioria das empresas-plataformas não criaram profissões. Na verdade, o que elas fizeram foi “intermediar” agentes, subordinando-os à automação algorítmica.
Em relação à força da ideologia neoliberal do empreendedorismo no setor, ele é otimista:
No início de 2020, a adesão à ideologia do empreendedorismo era muito mais forte entre os entregadores. Hoje, a maioria deles já se deu conta de que isso é uma falácia, que não existe autonomia nenhuma. E alguns também estão se dando conta de que se essas empresas forem embora do Brasil – como elas argumentam, caso sejam aprovados direitos trabalhistas para motoristas e entregadores –, a vida deles não vai mudar em nada. Pelo contrário, vai melhorar! Eles continuarão a fazer o que sempre fizeram, pois muitos eram celetistas ou freelancers antes da chegada dos aplicativos.
Tomara!
Vale e pena ler a íntegra da entrevista.
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