É a primeira vez em 63 anos que os sindicatos de atores e de roteiristas se juntam para paralisar suas atividades. A greve começou em maio e esvaziou os estúdios de produção audiovisual por tempo indeterminado.
Entre as principais questões está o uso de inteligência artificial (IA) para a elaboração de roteiros. Mas, como explica James Poniewozik, em artigo publicado no New York Times, existe uma “maioria silenciosa” que também está preocupada com a IA. Trata-se dos figurantes.
Acontece que os estúdios pretendem obter os direitos de digitalizar e usar a imagem desses profissionais por tempo indefinido em troca de apenas alguns dias de pagamento. E como eles não têm a visibilidade e influência de uma Meryl Streep ou um Brad Pitt, um abuso desse tipo poderia passar despercebido tranquilamente.
Poniewozik adverte:
Talvez você nunca repare nos figurantes se estiverem trabalhando bem. No entanto, eles são a diferença entre uma cena estéril ou viva. Criam a impressão de que, além do foco nos belos protagonistas, existe um universo completo, seja a galáxia de “Star wars”, seja a realidade mundana em que você e eu vivemos.
Mas o fato é que a computação gráfica não está muito longe de impedir que a maioria de nós diferencie os figurantes vivos de suas cópias digitais. A questão é a necessidade de resistir o quanto pudermos contra a força do capital, que nos transforma cada vez mais nos “homens ocos” de que fala o poema de T. S. Eliot:
Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Leia também: A inteligência artificial é só mais uma forma de roubo
Boa, boa "liga" dessa história com o poema.
ResponderExcluirValeu
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