Uma justificativa utilizada para as enormes contradições dos governos petistas é seu caráter de governos em disputa. Pode ser. Mas que setores da sociedade realmente disputam os rumos dos governos petistas?
A questão da exploração de petróleo no Amapá é um exemplo claro de troca de fogo amigo nas disputas entre as forças que compõem o governo Lula. Em meio a esse tiroteio estão indígenas, populações locais e trabalhadores da área, como os petroleiros. Partiu destes últimos um documento aprovado no 36º Congresso Regional dos Petroleiros do Sindipetro PA/AM/MA/AP, em junho passado.
Nele, os representantes da categoria manifestam-se em defesa da “fase de exploração do Projeto Amapá Águas Profundas”. Entendem que o país “deve conhecer as reservas de seus recursos naturais estratégicos, numa perspectiva geopolítica e de soberania energética”. E caso elas existam seja criado um “marco legislativo” no qual estariam previstas várias ações para diminuir o impacto da exploração, prioridade do retorno financeiro para as populações locais, assim como a destinação de metade dos recursos obtidos para a transição energética para fontes sustentáveis, projetos de sustentabilidade e desenvolvimento científico.
O posicionamento reflete um esforço de intervenção por parte de um importante setor, diretamente envolvido na questão. Vale a leitura atenta.
Mas acontece que neste, como nos governos petistas anteriores, a verdadeira disputa de seus rumos ocorre entre diferentes alas do grande capital. No caso, opõem-se o desenvolvimentismo predador do século passado a um “identitarismo ecológico” que denuncia a destruição ambiental capitalista sem responsabilizar o capitalismo.
Diante dessa situação, o risco maior é a famosa boiada do Ricardo Salles. Melhor não abrir novas porteiras.
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Questão de fato complexa
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