“Barbie” começa com uma divertida paródia da cena inicial de “2001, uma Odisseia no Espaço”. Mas no lugar da aurora da humanidade, nasce uma novidade no mercado de brinquedos. Pela primeira vez, bonecas não imitavam bebês e crianças para treinar meninas no papel de mães e donas do lar.
Em 1959, Ruth Handler criou para a Matel uma boneca na qual as meninas podiam se projetar como jovens adultas, ainda que brancas e loiras. Era a “Barbie estereotipada”, estrela da superprodução dirigida por Greta Gerwig. Mas, depois dela, vieram a Barbie médica, advogada, senadora, negra, cadeirante...
Essas variações profissionais, étnicas e físicas parecem acompanhar o identitarismo que se fortaleceu no cenário político e social nas últimas décadas.
Lutar pela afirmação de identidades perseguidas ou tratadas como subalternas não é um problema em si. Mas uma coisa é se engajar na luta em defesa de identidades. Outra, é ser identitarista. É abandonar o horizonte da transformação social radical para se limitar a pequenas vitórias que o sistema de dominação não só assimila como transforma em suas. Não à toa, a Matel se deixou ridicularizar no filme. O ridículo não é nada se garantir uma repaginada capaz de alavancar novos lucros.
Mas o identitarismo não ameaça apenas as lutas feministas, antirracistas e por diversidade sexual. Reduzir a luta de classes ao sindicalismo e a greves operárias também é uma forma de limitação identitária.
O feminismo de “Barbie” é literalmente cor-de-rosa. Mas as forças vermelhas do anticapitalismo não podem ignorar o potencial das resistências da mais variadas cores para reforçar a luta de todos os explorados e oprimidos.
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Fiz um post do meu perfil no insta falando sobre isso. Essa onda cor de rosa não me seduz nem um pouco. Tudo vira estratégia de marketing, inclusive "permitir" ser criticado.
ResponderExcluirQual perfil?
ExcluirPois é, camarada, conseguiram repaginar mais uma vez a boneca que por mais que se esforce, como agora, em parecer ser o que não é - um objeto do mercado capitalista -, continua a vender sempre mais e alimentando analises sobre esse fenômeno. Acho que nós comunistas temos que continuar analisando as formas de como o capitalismo se apresenta, mas tem algumas que não me animam muito, nem por isso considero incorretas quem as faça. Agora, sobre a esta sua Pílula, só tenho a dizer que por mais que travistam esse objeto fetichista, por favor, ele não se presta à nada a luta identitária, não sei se entendi se você acha algo diferente. Grandes beijos vermelhos.
ResponderExcluirNão a boneca não se presta pra isso mesmo. Mas provavelmente as chamadas lutas identitárias tiveram influência sobre a produção dela. Afinal, um dos piores aspectos delas é essa briga por abrir nichos no mercado consumidor. É o tal neoliberalismo progressista. Uma praga.
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