Nicolas Sarkozy anda falando muito sobre crise alimentar. Chegou a insinuar que a alta nos preços dos alimentos estaria por trás da Revolução na Tunísia. Tenta desviar a atenção das desgraças causadas pelo imperialismo francês na vida do povo tunisiano.
Mas o verdadeiro alvo do presidente francês é o mercado de alimentos. Na reunião do G-20, ele defendeu a formação de estoques reguladores internacionais de alimentos. Não passa de uma tentativa de aumentar o controle dos países ricos sobre esses recursos.
A representação brasileira denunciou corretamente a proposta. Pena que o tenha feito para defender o agronegócio instalado por aqui e sob controle estrangeiro.
Mas, a ameaça é real. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) já havia alertado. Os preços mundiais de vários alimentos estão muito altos. A entidade teme a repetição da crise de 2007.
Não se trata de escassez. Em 2008, a safra mundial foi recorde. Mais de 2,2 bilhões de toneladas de cereais. Em 2009 e 2010, as safras foram só um pouco menores. Acontece que mais de 30% dessa produção viram ração animal. E uma parte cada vez maior torna-se agrocombustível.
Por outro lado, a especulação financeira só piora a situação. Uma safra ruim em um setor provoca fuga de investimentos para outros setores. Nestes últimos, a procura dispara e os preços também.
É uma crise de commodities, dizem os especialistas. Commodity é matéria-prima que pode ser estocada em grande quantidade e por longo prazo. Uma verdadeira comodidade para os capitalistas. Eles têm mais tempo para especular. Enquanto ganham bilhões, milhões morrem de fome.
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