A cobertura das enchentes pelo jornalismo empresarial foi inundada pelas emoções. A tragédia sensacionalista soterrou alguns números.
De 1990 a 2010, aconteceram cerca de mil mortes por tragédias naturais no País. A maioria por inundações ou deslizamentos. Em 2011, já são quase 700 mortos no Rio de Janeiro. Nesse ritmo, em poucos meses, serão 10 vezes mais vítimas fatais que a média anual.
Somente em 2009, foram 10 desastres naturais no País. A maior parte resultado de chuvas, deslizamentos de terra e enchentes. Também em 2009, o Brasil chegou ao 6º lugar entre os países com maior número de tragédias desse tipo. Portanto, não foi por falta de aviso.
Mas o governo do Rio gastou R$ 8 milhões com prevenção e R$ 80 milhões em contenção de encostas e repasses às prefeituras em 2010. Já o governo federal gastou 14 vezes mais consertando do que prevenindo. Consertar custa mais. Empreiteiras lucram mais.
Foram gastos menos de 3% dos R$ 442 milhões reservados no orçamento federal para a prevenção de desastres naturais. Enquanto isso, mais de R$ 112 bilhões sumiram na enxurrada dos juros da dívida pública. A mesma dívida que suga quase metade do Orçamento da União e é paga sem atrasos. Pacto diabólico que sacrifica grandes parcelas da população à lógica neoliberal.
Temos que romper com a escravidão aos números impostos pelo neoliberalismo. Precisamos de reforma urbana combinada com reforma agrária. Ambas radicais e sustentáveis. Contra o direito à propriedade e pelo direito à vida.
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