Como disse Judith Orr, editora do jornal Socialist Worker:
Não devemos confundir um instrumento de luta com a luta em si. O Twitter não forçou Ben Ali a fugir do país que governou por 23 anos. Assim como não foram paredes pichadas ou folhetos que derrubaram o czar da Rússia em 1917.Dizer que as redes sociais tornaram possível as revoltas que vêm ocorrendo é um exagero proposital. Procura esconder as contradições concretas que levam povos a se rebelar. De acordo com as Nações Unidas, uma em cada três pessoas no mundo árabe vive abaixo da linha da pobreza.
A Tunísia tem uma economia considerada dinâmica. Deve crescer quase 5% este ano. Mas, dados do FMI dizem que o país tem uma taxa de desemprego de 14%. O dobro disso para jovens até 25 anos.
A economia do Egito cresceu acima dos 7% nos últimos anos. Na última classificação do Banco Mundial sobre ambiente para negócios, o país subiu 5 posições. Mas 40% da população vive abaixo da linha da pobreza.
Tudo isso é fruto de políticas neoliberais aplicadas por ditaduras queridinhas do imperialismo europeu e estadunidense.
É verdade que as redes sociais vêm tendo seu funcionamento dificultado na região. Mas, é assim que ditaduras e governos ameaçados costumam reagir. Se preciso, fecham ou censuram meios de comunicação. Às vezes, até aqueles que são de sua confiança.
Claro que censurar a internete é bem mais difícil. Uma dificuldade que o capitalismo criou para si mesmo. Uma situação que devemos aproveitar. O problema é que quase tudo que circula nas redes sociais tem conteúdo conservador. Muito consumismo, preconceitos, ofensas, ignorância.
Redes sociais não fazem revolução. Em geral, atrapalham.
Um bom texto sobre a questão é A revolução não será tuitada, de Malcolm Gladwell
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