Em 17/06, o
sociólogo Antônio Flávio Pierucci afirmou em artigo para a Folha que “os
agentes da religião não passam de agentes econômicos, e as igrejas, de empresas”.
Situação para a qual as denominações evangélicas estariam melhor preparadas. Principalmente,
as neopentecostais.
Em 06/07, José
Eustáquio Diniz Alves publicou “A vitória da teologia da prosperidade” na Folha.
Ele afirma que no lugar da católica “opção preferencial pelos pobres”, impera a
doutrina de Joãozinho Trinta: "Pobre gosta é de luxo". Tal situação
revelaria um “Brasil cada vez mais desencantado".
O conceito de
desencantamento do mundo é de Max Weber. Costuma ser interpretado como o
crescente domínio da racionalidade capitalista na vida moderna. Mas há quem
diga que isso não implica menos religiosidade. É o caso de Renarde Freire Nobre,
professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.
No texto “Weber
e o desencantamento do mundo: uma interlocução com o pensamento de Nietzsche”,
Nobre lembra que Weber chamava de desencantamento ao predomínio de religiões
éticas. Ou seja, aquelas que recomendam a adoção de certos comportamentos a
seus fiéis no lugar de rituais mágicos com objetivos práticos e imediatos.
Se Pierucci e
Diniz estão certos, as religiões que mais avançam são exatamente as que retomam
o caráter mágico que o catolicismo e o protestantismo tradicionais repudiam. De
qualquer maneira, parece que estamos diante o fortalecimento da mais poderosa
das superstições. É a teologia da mercadoria.
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gospel e resistência ética
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