Um traço muito
comum dessas manifestações é seu caráter coletivo. Pessoas apenas conservadoras
podem se transformar em monstros de intolerância quando formam bandos ou
multidões. O fascismo é bem mais perigoso quando conquista milhões.
É por isso que o
marxista alemão Wilhelm Reich escreveu seu famoso livro “Psicologia de massas e
fascismo”. A obra foi lançada em 1932, pouco antes de Hitler chegar ao poder. Reich queria
saber por que o nazismo atraía grandes parcelas da classe trabalhadora.
Explicações que
buscassem causas apenas racionais eram insuficientes. O próprio Hitler sabia
disso. Em seu livro, “Mein Kampf”, ele diz que os pensamentos e ações do povo “são
determinados muito mais pela emoção e sentimento do que pelo raciocínio”.
Por isso, Reich
buscou unir as obras de Marx e Freud. Era preciso levar em conta o inconsciente,
o irracional, a repressão sexual. Seus estudos fornecem pistas importantes. Mas
parecem muito presos aos esquemas explicativos da psicanálise.
Oitenta anos
depois, o desafio permanece. Além de Freud e Marx, muitos outros pensadores e teóricos
podem ajudar a enfrentá-lo. Gramsci e Foucault, por exemplo.
De qualquer
modo, Reich formula corretamente o problema. Não se trata apenas do fascismo. Como
ele diz, é preciso “saber por que razão os homens suportam desde há séculos a
exploração e humilhação moral, em resumo, a escravidão”.
A massificação
dessa “servidão voluntária” é um dos segredos da dominação capitalista. É desse
estrume que o fascismo surge e se fortalece.
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