“Falem mal, mas
falem de mim”. Os movimentos populares estão reduzidos a essa situação há muito
tempo. Principalmente, no caso das greves. Mas não só. Os caminhoneiros e os
motoboys foram parar nas manchetes dos jornais semana passada.
Os primeiros
bloquearam estradas, paralisaram o tráfego e provocaram algum desabastecimento.
Os motociclistas fizeram manifestações em grandes cidades, aumentando o já
costumeiro caos do trânsito. As duas categorias protestavam contra mudanças na
legislação que lhes trariam prejuízo.
Alguns
profissionais da grande imprensa chegaram a dar razão aos manifestantes. Mas
reclamaram do “método”. Não deveriam ter atrapalhado a vida daqueles que nada
tinha a ver com as medidas. O fato é que os atingidos só foram ouvidos depois
de partir para a ação. Antes disso, ficou tudo restrito aos gabinetes dos parlamentos
e governos.
A grande mídia faz
sua parte silenciando sobre questões como estas. É o que ocorre com as greves. Elas
praticamente só aparecem nos boletins de trânsito, ao promoverem passeatas e manifestações.
E o tom é sempre o de condenação: “atrapalham a vida do cidadão comum”, dizem. Pouco
ou nenhum detalhe sobre as reivindicações, os problemas profissionais, a realidade salarial
dos grevistas.
Isso tudo é
produto de uma imprensa monopolizada e a serviço dos patrões. As greves no
setor público, por exemplo, são apontadas como resultado de um “Estado
ineficiente” que “paga altos salários a gente incompetente”. Discurso que os
vários governos, do federal aos municipais, de oposição ou não, aceitam docilmente.
Bem feito pra
nós. Continuamos sem um projeto de comunicação popular, rendidos à lógica da grande
mídia e com as orelhas a queimar.
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