A antropóloga se
refere à imagem que o senso comum tem do indígena brasileiro. Índio de verdade
tem que andar nu, pintado, usar cocares, morar em ocas, sem tecnologia e o mais
isolado possível. A ideologia racista aproveita-se desse preconceito e o
reforça.
Para os
índios, nem o mito da “democracia racial” serve. Estamos falando da ideologia branca
que alega não haver racismo entre nós. O conceito é de Florestan Fernandes e
pode se resumido assim: no Brasil, os negros são tratados como iguais, desde
que fiquem em seu lugar.
Um dos pilares
dessa ideologia racista é a miscigenação. A louvável mistura de etnias é usada
para disfarçar as condições sociais escandalosamente desfavoráveis aos não brancos. Para os
índios, no entanto, o recado é claro: fiquem em suas tribos e não atrapalhem o
progresso, dizem os poderosos.
Em suas terras,
o progresso e o desenvolvimento abrem enormes clareiras. Derrubam crenças e
costumes milenares. Condenam culturas e vidas à morte lenta e a massacres fulminantes.
Tudo para construir elefantes brancos e lucrativos nas selvas brasileiras.
Felizmente, a
resistência cresce entre os povos indígenas de todo o Brasil. E sua presença aumenta
nas cidades, diz o último censo. Ótimo. Mais lutadores contra a democracia
racista que ajuda a sustentar uma das sociedades mais desiguais do planeta.
Leia também: As
cotas e nosso racismo colorido
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