Continuamos a discutir o
livro de Lauro de Oliveira Lima, “Pedagogia: reprodução ou transformação”.
Publicado em 1982, algumas de suas afirmações podem parecer descabidas
atualmente. O autor diz, por exemplo, que “a maioria dos professores
comporta-se como carcereiros ou guardas que vigiam o trabalho forçado dos
presídios”.
Ocorre que carcereiros podem
tornar-se tão prisioneiros quanto aqueles a quem devem guardar. E é isso o que
vem acontecendo com o sistema escolar. Não só na rede pública. Nas escolas particulares,
as condições de aprendizagem são muito melhores, claro. No entanto, seus
métodos exigem obediência cega à lógica da competição mais extrema.
Assim, o que continua comum a
todo o sistema escolar é seu caráter disciplinador. Com razão, Lima afirma que grande
parte do tempo dos educadores “é dedicada à disciplina, como ocorre no exército”.
Professores exigem, acima de tudo, respeito, diz ele. E respeito, em latim,
significa “olhar para trás, demonstrando medo”.
As escolas já não são tão
autoritárias como no tempo da ditadura, claro. Mas seus altos muros continuam vedando
o acesso às falsas promessas de prazer e liberdade que o mercado faz.
Para muitas famílias pobres,
a escola é, principalmente, um lugar para deixar as crianças enquanto trabalham.
Esta é a principal queixa dos pais quando greves paralisam a rede pública. Já os
ricos, consideram o estudo de seus filhos como investimento para o futuro, tal
como ações na Bolsa.
Tudo muito distante das
origens do sistema escolar. Formado, segundo Lima, pela “scholé” (lazer) e pelo
“ludus” (jogo). Processo de desenvolvimento de atividades livres e situações
problemáticas que "levam o pensamento para todas as direções".
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