Doses maiores

26 de novembro de 2013

COP-19: uma comédia que provoca choro

A última edição da Conferência da ONU sobre Mudança Climática foi a 19ª confissão da incompatibilidade entre capitalismo e sustentabilidade ambiental. Nem as ONGs, sempre tão pacientes com governos que representam os interesses da destruição industrial, aguentaram. Abandonaram o evento pela primeira vez em sua história. Kumi Naidoo, executivo do Greenpeace, explica os motivos:

A COP 19 foi uma farsa. Era para ser sobre o aumento dos cortes das emissões, mas o que vimos foi o oposto – o Japão diminuiu sua meta, a Austrália desistiu de suas políticas climáticas e o Brasil apresentou aumento de 28% no desmatamento. Além disso, os países ricos falharam, não cumpriram suas promessas de disponibilizar financiamento climático de longo prazo.

A grande imprensa, no entanto, destaca “avanços”. Um deles envolveria a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação de Florestas (REDD). Mas o REDD não passa de mais um mecanismo para negociar poluição no mercado financeiro especulativo.

Outro “avanço” seria a adoção do chamado “Mecanismo de Varsóvia”. Uma espécie de ressarcimento para localidades que tiveram prejuízos com eventos climáticos extremos. Piada. O texto final não impõe obrigações.

Um exemplo de “evento climático extremo” foi o tufão que atingiu as Filipinas durante a COP. Márcio Gomes, correspondente da Globo, fez a cobertura da tragédia que já matou mais de 5 mil. Em entrevista ao Diário Catarinense, ele disse que é terrível ouvir “o choro das crianças à noite”. Mas, disse ainda, “você não tem o que fazer, pois não é só fome ou sede. É medo”.

Medo é o que os governantes do mundo precisariam começar a sentir. Todos.

2 comentários:

  1. Só um dado, camarada. O total de mortos já é de 5240, com 1613 ainda desaparecidos. Segue texto meu sobre o tufão, que traduzirei para o Português em breve: http://www.internationalviewpoint.org/spip.php?article3183. Abraços.

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    1. Valeu, Alexandre. O portal Comunique-se, de onde tirei a nota sobre a entrevista do Márcio, falava em 3.976 mortos.
      Abraço

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